w O Livro “Inocência”, do Visconde de Taunay, e, o neto do Capitão Domingos da Silva e Oliveira, o Antônio Cesário da Silva e Oliveira (Júnior), de Uberaba-MG, no Brasil

HISTÓRIA DE PORTUGUESES DO BRASIL
HISTÓRIA DE PORTUGUESES NO BRASIL

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resgata a memória e a saga dos Silva e Oliveira fundadores de Uberaba-MG e desbravadores e pioneiros no Triângulo Mineiro, no Brasil, e, que é a família do Presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, FHC.

Este site estuda também as famílias que se ligaram, por casamentos, aos Silva e Oliviera

Para  saber mais de nossa genealogia, pesquise por Capitão Domingos da Silva e Oliveira c/c Francisca de Sales Gomides, em:

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Aqui trecho do livro INOCÊNCIA que aparece o único deputado geral de Uberaba-MG no Império do Brasil, o ANTÔNIO CESÁRIO DA SILVA E OLIVEIRA (júnior).

O Visconde de Taunay gostou tanto dele quando passou, por Uberaba-MG, indo para a Guerra do Paraguai, que o colocou no livro, único personagem a manter o seu nome verdadeiro no livro Inocência:

A biografia do Antônio Cesário da Silva e Oliveira (júnior) está nos comentários abaixo.

e “Inocência” virou nome de município, desmembrado da nossa Santana do Paranaíba-MS, onde minha bisavó Mãetinha, Maria Teodora de Castro, morou por um ano, em +- 1894.

Mãetinha é bisneta do CAPITÃO DOMINGOS DA SILVA E OLIVEIRA.

Capítulo: “””EM CASA DE CESÁRIO”‘ 

Ah! a perspectiva que pode mais docemente sorrir ao meu coração é a do aniquilamento.

(Klopstock, A Messiada)

Cirino, logo que se estabeleceu em casa do seu novo hospedeiro, tratou de lhe captar as simpatias. Medicou um escravo que estava de cama, fez valer o conhecimento e amizade que tinha com Pereira, conversou muito a respeito dele e incidentemente deu noticias de Inocência.

Atalhou-o Antônio Cesário neste ponto.

—Mecê a viu? perguntou ele.

—Pois não, respondeu o moço, por sinal que a curei de sezões.

—Ah! É uma guapa rapariga…

—Parece-me…

—Isso é… falo assim, porque afinal… daqui a poucos dias está casada… não sabe?

—Ouvi contar.

—Pois é verdade. O noivo passou por cá e levou a minha licença. É homem de mão-cheia. A pequena deve estar contente. Ah! nem todas no sertão são felizes assim. Tem-se por aqui o mau vezo de arranjar casamentos as cegas, e às vezes se encambulha um mocetão com uma fanadinha ou então uma sujeita de encher o olho com algum rapaz todo engrouvinhado … Cruz! E, uma vez dada a palavra,

acabou-se…

Achou Cirino a ocasião própria e redarguiu com vivacidade:

—Então o senhor não é desse parecer.

— Conforme, respondeu logo Cesário com reserva. Aos pais é que convém inziminar essas coisas.

—Boa dúvida… Mas… se… sua afilhada… não gostasse de Manecão?

—Não gostasse?

—Sim.

—E que nos importa isso? Uma menina como ela não sabe o que lhe fica bem ou mal… Ninguém a vai consultar. Mulheres, o que querem é casar. Não ouviu já o patrício dizer que elas não casam com carrapato, porque não sabem qual é o macho?

E Cesário sorriu.

Depois, fechando de repente a cara, perguntou:

—Por que é que estamos a dar de língua nesse particular? Não sou amigo disso. Quer-me parecer que mecê é um tanto namorador. . .

—Eu? protestou Cirino com vivacidade.

—Boa dúvida. Eu cá nem falar nelas quero. Mulher é para viver muito quietinha perto do tear, tratar dos filhos e criá-los no temor de Deus; não é nem para parolar-se com ela, nem a respeito dela.

Sempre as mesmas teorias de Pereira: a mesma grosseria repassada de desprezo ao sexo fraco, a mesma suscetibilidade para desconfiar de qualquer pessoa ou de qualquer palavra que lhes parecesse menos bem soante aos prevenidos ouvidos.

—Minha afilhada, continuou Cesário, deve levantar as mãos para o céu.

Achou um marido que a há de fazer feliz e torná-la mãe de uma boa dúzia de filhos.

Estremeceu Cirino, mas nada disse.

Por toda a parte esbarrava de encontro a preconceitos que nada podia vencer.

Nessa mesma tarde quis montar a cavalo e voltar para Sant’Ana entretanto, o pensamento da resistência com que Inocência encetara a terrível lata com seu pai, atuou em seu espírito e o reteve.

Decidiu-se a atacar o touro pelas aspas.

Restar-lhe-ia ao menos o consolo do desabafo, e num jogo perdido arriscava ainda ousado lance.

—Senhor Cesário, disse ele na manhã seguinte, preciso muito falar-lhe em particular.

—A mim?

—Sim, senhor.

—Pois, estou aqui às suas ordens.

—Quisera que saíssemos. O que lhe vou dizer… ninguém pode… ninguém deve ouvir.

—Oh! O senhor me assusta… Então tem segredos que me contar?

—Tenho…

—Pois vá lá… Mapiaremos fora… Ao meio-dia esteja na minha roga… sabe onde é?

—Sei…

— Espere-me num pau de peroba seco que está derrubado.

—Lá estarei.

Muito antes da hora aprazada, achava-se Cirino no lugar indicado.

Devorava-o a impaciência.

Resolvido a desvendar sem rebuço os seus amores a esse homem a quem mui conhecia, que por ele não tinha senão razões de passageira simpatia, e de quem, contudo, estava dependente sua felicidade, considerava decisivos os momentos.

Quem em tais circunstâncias se acha, enxerga em tudo quanto o rodela sintomas de bom ou mau agouro, e nesse instante a Cirino pouco parecia sorrir a natureza.

Não chovia; mas o tempo estava carregado e sombrio.

Tinha o céu cor acinzentada e do lado do poente linhas negras e continuas denunciavam trovoada talvez para a tarde.

Era o local, além disso, tristonho. Enfileiravam-se numa grande área, pés de milho já pendoados, dentre os quais surgiam possantes madeiros de tronco rugoso e galhada completamente despida de ramagem, uns, da base à extrema ponta, lugubremente enegrecidos pelo fogo lançado antes da sementeira; outros perdidas todas as folhas em conseqüência da incisão profunda e circular com que o machado impedira a ascensão da selva. Esses quedavam vivos mas de uma vida latente e esmorecida, denunciada por entanguidos brotos no mais alto do tope.

Quando o dia é claro, aqueles gigantes da floresta, que pela robustez do cerne haviam desafiado as chamas e os esforços do homem, servem de poleiro a inúmeros bandos de papagaios, periquitos, araçaris, ou de graúnas que formam concertos capazes de ensurdecer os ecos.

Naquela ocasião, porém, tudo era silêncio.

Só de vez em quando se ouviam pancadas surdas e intermitentes dos pica-paus de crista vermelha, agarrados aos troncos das árvores e a explorar-lhes os pontos carunchosos, subindo em ziguezagues.

A hora ajustada, apresentou-se Antônio Cesário.

Por cautela vinha armado de uma espingarda de caça, que bem serviria para derrubar alguma onça, ou animal daninho.

Seu rosto, habitualmente sereno, indicava certa inquietação, repassada de curiosidade.

—Aqui me tem, doutor, disse ele descansando a arma sobre o pau derrubado e sentando-se ao lado de Cirino. Estou pronto para ouvi-lo quanto tempo queira…

Muito pensara Cirino nesse momento a que devia chegar e, entretanto, não pudera achar o modo por que encetasse as suas declarações. Parafusara de continuo mil pretextos sem nada assentar.

Foi, pois, a balbuciar que respondeu:

—0 Senhor.. há de me desculpar… o incômodo que… lhe dou. .

—Incomodo nenhum.

—E deve estar… espantado do que lhe pedi… vir falar comigo… em lugar ermo… comigo que sou como qualquer hospede. como tantos que sua casa tão franca todos os dias recebe.

—Com efeito, confirmou Cesário.

—Pois bem, daqui a nada tudo lhe ficará claro e explicado . Se enquanto eu falar… o ofender, perdoe-me, ouviu?

Senhor Cesário, continuou Cirino após breve pausa, se o senhor visse um homem arrastado numa corredeira e pudesse atirar-lhe uma corda e salvá-lo… o faria?

—Boa dúvida, replicou o outro com forca. Ainda que corra perigo de vida, não deixarei homem nenhum, branco ou preto, livre ou escravo, rico ou pobre, conhecido ou não, sem o socorro de meu braço.

—Pois bem, exclamou Cirino arrebatadamente, sou eu esse homem que vai morrer, que está perdido e a quem o senhor pode salvar…

E respondendo à tácita suspeita de quem o ouvia:

—Não acredite que esteja doido… não. Estou tão são de juízo como o senhor e falo-lhe a verdade. Uma palavra esclarece-lhe tudo… eu morro de paixão por uma mulher e essa mulher é… sua afiIhada! … Inocência!

De um pulo levantou-se Cesário. Seus lábios tremiam, os olhos de súbito injetados de sangue. A mão procurou a arma que lhe ficava ao lado.

—Que é isso? balbuciou encarando fixamente Cirino.

Adivinhara-lhe este todos os pensamentos.

Erguera-se também, cara a cara com Cesário:

— Mate-me, bradou ele, mate-me… E um favor que me faz.. Dê cabo desta vida desgraçada.

Já arrependido do gesto que fizera e um tanto corrido de sua precipitação, replicou o outro todo sombrio:

—Não tenho razões para matá-lo… O Senhor nunca me fez mal…

—Não, prosseguiu Cirino no meio desvairado, peço-lhe por favor… Se o senhor tem caridade, e é bom, “se gosta de seus filhos, se tem pai e mãe no céu…

por tudo isso eu lhe peço de joelhos! mate-me… mate-me!

E deixou-se cair aos pés de Cesário, ocultando a cabeça entre as mãos.

Contemplou-o largos instantes o mineiro com surpresa.

Inclinando-se para o moço, bateu-lhe no ombro e quase com brandura lhe disse:

— Que história é essa, doutor?… Isso é loucura! Conte-me que há… Quero saber se a sua bola está girando ou não. Sou homem do sertão, mineiro de lei… mas sei tratar com gente…

A estas palavras, recobrou Cirino algum alento e pôs-se de pé.

Sentando-se então ao lado de Cesário, narrou-lhe tudo, o desespero que o minava, a certeza que tinha do amor de Inocência e a implacável sentença preferida por Pereira.

Ouvia-o Cesário atentamente. Só de vez em quando deixava escapar esta exclamação:

— Ah! mulheres!… mulheres! É a nossa perdição.

Depois que Cirino acabou de falar, encarou-o detidamente e, com ar severo, perguntou:

—Fale-me a verdade, doutor, o senhor nunca trocou palavra com Inocência? Nunca esteve só com ela?

— Estive, respondeu o outro meio receoso.

As faces de Cesário subiu uma onda de sangue.

—Então, rouquejou ele, a desgraça…

—Deus meu, atalhou Cirino com fogo, caia a alma de minha mãe no inferno, se Inocência não é pura… se…

Conteve-o Cesário com um gesto.

—Basta moço: quem jura assim, não mente… Também no meu tempo tive uma paixão infeliz… e sei o que é sofrer…

—Oh! Senhor Cesário, salve-me!…

—Que posso eu fazer? Não sabe o senhor que ela hoje hão pertence nem mesmo ao pai, ao seu próprio pai? Pertence a palavra de honra, e palavra de mineiro não volta atrás… Não sabia o senhor disso, quando deixou que o amor lhe entrasse pelos olhos?… Mulheres não pensam… mulheres o que querem é ver os homens derretidos por elas… sacrificam tudo… e por um requebro pincham na rua a honra de suas casas ..

—Não, protestou Cirino, ela não é assim…

—Então é melhor que as outras? objetou Cesário com desdém.

—Sim, sim, é melhor do que tudo deste mundo. Acima dela, só Nossa Senhora!…

Ligeiramente sorriu o mineiro. (de Uberaba-MG, neto de nosso amado e venerado CAPITÃO DOMINGOS DA SILVA E OLIVEIRA).

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  1. Avatar de GENEALOGIA, Familias, SILVA OLIVEIRA, Faleiros, Leme, UBERABA-MG, FRANCA-SP, MADRINHA DA SERRA, Três Ilhoas GENEALOGIA, Familias, SILVA OLIVEIRA, Faleiros, Leme, UBERABA-MG, FRANCA-SP, MADRINHA DA SERRA, Três Ilhoas Says:

    Filho natural do Capitão Domingos com Maria do Carmo Pacheco:

    • § 14° –
      1-14 Furriel Antônio Cesário da Silva e Oliveira, nascido no Desemboque, a 7 de fevereiro de 1818, casado com Maria Cândida Justiniana da Gama Lira, nascida no arraial de Uberaba, a 2 de maio de 1823, e, aqui falecida, aos 29 anos de idade, a 22 de março de 1852; era filha legítima do solicitador Cândido Justiniano de Lira Gama, natural de São João Del Rey-MG, e de ?Maria Teodoro da Silva Brandão e Rosa Gonçalves Pimenta?
      O furriel Antonio Cesário prestou relevantes serviços na guarnição do município de Uberaba por ocasião da Revolução Mineira de 1842; foi político liberal muito dedicado; ferreiro habilíssimo. Cultivava com amor, a pintura e a música; muito dado às musas e à arte dramática.

      Foi ele quem, de parceria com seu sogro Cândido Justiniano de Lira, Coronel Carlos José da Silva, Padre Zeferino Batista
      e outros, iniciou a arte do teatro em Uberaba, desde 1835.
      O seu espírito, educado nas letras, muito contribuiu para o desenvolvimento do teatro entre nós. Ao furriel Antônio
      Cesário se deve a composição de uma interessante comédia intitulada “O Colégio de D. Abelha”.

    • Esta peça de súbito valor literário deve ainda existir entre a família.
      Faleceu em Uberaba, a 27 de Junho de 1846, Teve um único filho:
      2-1 Tenente Coronel Antonio Cesário da Silva e Oliveira, nascido, em Uberaba, a 2 de Julho de 1842,
      casado, a 12 de Outubro de 1861, com Maria do Carmo Nascimento de Oliveira, filha legítima dos finados Capitão José Maria do Nascimento e de Lodemília Maria do Nascimento; advogado, poeta, literato, Jornalista, musicista (compositor), autor de muitos trabalhos jurídicos, de uma gramática musical (inédita),
      deputado a Assembleia Legislativa Mineira, de 1882 a 1884. Foi o único deputado de Uberaba na Assembleia mineira durante o Império do Brasil. Residiu em Uberaba. Foi homenageado, pelo Visconde de Taunay, que o colocou como personagem do romance “Inocência”, único personagem que manteve seu nome verdadeiro no livro. Não teve geração.

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